domingo, 27 de setembro de 2015

6. O peso do agora

                                                                  Pintura de Spazuk

Acordo e ele me olha, seus olhos negros e esbugalhados parecem que nunca piscam, esfrego os meus olhos e penso: "Quando você vai me deixar em paz?" Seu olhar me paralisa, preciso ir pra faculdade e preciso me fingir de morto na cama até que vá embora. O atraso é uma escolha, afinal a pressa é inimiga da perfeição.

Exaltado na rua, parece que fica alegre num lugar tão cheio de oportunidades. Maior, mais imponente, mais assustador. Seus olhos negros viram pavorosas órbitas de supernova, é um brilho no olhar tão intenso, como se tivesse bolando vários milhões de planos para me atazanar.

Ando na rua olhando todos os lugares a cada passo que dou. Cada barulho é um sinal de alerta e uma breve história de terror que passa em minha mente. Quando chego onde eu deveria estar, choro mentalmente em alívio, mas nenhum lugar é seguro, pois ele sempre está por perto.

Tem dias que seu peso fica imensurável, sobe nos meus ombros e me enlouquece com suas palavras. Eu juro que ele é real, mas ninguém o vê, ninguém o escuta. Na loucura, me encontro em lágrimas e hibernação.

Eu só queria saber quem é ele? Por que só eu? Eu tô ficando louco? Eu só queria que as pessoas o vissem para saber que não é assim tão fácil.

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